26/10/2008

As obras de betão e os 10% de desemprego



A III República acabou com os cursos técnicos, isto é, com os “sargentos da economia”. Hoje temos um “exército económico” composto por oficiais e soldados-rasos. Os cursos socretinos das “novas tecnologias”, quanto muito, promovem os “soldados-rasos” a “cabos”, mas continuamos a não ter os “sargentos” que tínhamos no tempo da outra senhora. Pior ainda: os “oficiais” que temos são de formação duvidosa, educados em “academias” avulsas que fecham após alguns anos de actividade, e com controlo e disciplina laxistas.

Deparo-me com uma notícia preocupante: o filão da construção civil em Espanha, que aliviava os números socretinos do desemprego oficial, acabou. Estamos a falar em 100 mil novos desempregados que retornam a Portugal para engrossar as estatísticas de desemprego. Quando Sócrates defende investimento em barda em betão, não vai tornar o país mais rico: está já (e só) a pensar próximas eleições e numa provável derrota anunciada. A obsessão de Sócrates é o desemprego, e tudo fará para camuflar os números quanto puder, nem que tenha que mentir ao país e fazer investimentos inúteis à custa do erário publico e endividando ainda mais o País, para que os números do desemprego não subam ainda mais nas estatísticas.

Com os trabalhadores da construção civil que retornam de Espanha, o desemprego em Portugal ultrapassará os 10% ― aquilo que eu tinha previsto que acontecesse mais cedo, e só não aconteceu por causa da emigração em massa. No meio desta hecatombe social nunca vista em Portugal nos últimos 30 anos, os socialistas ― e a esquerda em geral ― continuam a dizer que é preciso mais imigração.

Os nossos políticos recusam-se a dizer a verdade aos portugueses: nós estamos (principalmente desde há 10 anos a esta parte) a importar desemprego do estrangeiro. O desemprego também se importa na medida em que exige que exportemos os nossos desempregados e importemos os desempregados dos outros países (imigração), transformando Portugal num “albergue espanhol” ― a economia muda-se para o estrangeiro quando fechamos em série as nossas empresas.

Se uma sociedade de pleno emprego é impossível numa economia de mercado, quando o desemprego ultrapassa a casa dos 10% toca um sinal de alarme: 10% da população activa no desemprego começa a ser um descalabro económico e um falhanço total das políticas seguidas por José Sócrates. Daí a necessidade de investimentos estéreis em betão, para disfarçar a hecatombe social e garantir assim a reeleição da esquerda, para continuarmos todos a ter mais do mesmo quando as obras de betão acabarem, e o país acabará por ficar ainda mais pobre porque esgotou recursos financeiros que poderiam ser aplicados de forma mais produtiva para a economia.

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